TUDO ESTÁ PODRE NO REINO DA EDUCAÇÃO- José Luís Mendonça



Na peça Hamlet, do dramaturgo inglês William Shakespeare, escrita entre 1599-1601, a personagem Marcellus profere um alerta para o príncipe Hamlet, dizendo-lhe: "Algo está podre no Reino da Dinamarca!"

O que Marcellus quis dizer a Hamlet é que imperava no mais alto escalão da realeza algo de corrupto, aparentemente escondido dos olhos comuns e que o príncipe devia tomar muito cuidado. 

Nos dias de hoje, se Marcellus vivesse aqui em Angola, certamente faria o mesmo alerta, mas com termos mais assertivos, caso se referisse ao estado da Educação. Certamente diria: "TUDO ESTÁ PODRE NO REINO DA EDUCAÇÃO".

E por que razão Marcellus assim falaria?


O PAÍS DAS MIL CORES

O estado do sector da Educação em Angola está tão degradado, tão distante dos destinatários (as crianças e jovens estudantes da classe mais baixa), que não é preciso contratar um especialista estrangeiro para um diagnóstico mais completo. Está tudo à vista: um aluno que termina o ensino de base (6 anos) sai da escola com conhecimentos tão reduzidos, como se tivesse frequentado apenas três anos de escolaridade. Há dias ofereci a uma menina da terceira classe, em Viana, um livro de Octaviano Correia, O País das Mil Cores e ela não conseguiu soletrar as primeiras palavras do título (O País).




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Angola tem formado centenas de professores no ISCED, o próprio ministério tem técnicos que exibem diplomas com título de PhD. Mas o que fazem esses técnicos? Um estivador do Porto de Luanda sabe muito bem que uma escola tem de ensinar bem, que as crianças têm de ter lanche todos os dias, e que as casas de banho devem ter água corrente, por exemplo. Não é preciso ser PhD...


A ARTE DE BEM GOVERNAR

Recomenda a arte de bem governar que um ministro da Educação conheça o estado das escolas e o grau de aprendizado dos alunos do seu país. Em princípio, um ministro da Educação deve visitar ao longo de meses e anos, cada um dos estabelecimentos de ensino do seu país. Porquê? Porque há muita corrupção no Ensino e os directores podem esconder informações ao chefe do pelouro. Aliás, o sector de Ensino em Angola tornou-se mesmo o principal viveiro dos marimbondos do amanhã. 

Coloquemos o caso do professor Diavava Bernardoi em cima da mesa.

Como é possível a ministra Luísa Grilo dizer que a atitude do professor foi precipitada e que há outras formas de solução da falta de carteiras nas escolas, quando eu, docente universitário, participei em vários seminários nacionais com a presença dos ex-ministros, e tendo apresentado propostas sobre o ensino da língua oficial nas escolas primárias, jamais fui consultado?

A menos que a Senhora Ministra esteja a brincar de esconde-esconde com a Ciência do Ensino, que já leva séculos de aprimoramento... Senão, como é possível a Senhora dizer que há outras formas mais expeditas e menos precipitadas de um professor como o professor Diavava Bernardo poder transmitir ao Governo a preocupação dos alunos sentados no chão da sala de aula, quando o professor até é novo nessa escola? Então, o que andou a fazer o director da escola estes anos todos?  Diz-se que o professor colocou em risco os alunos ao marchar pelos seus direitos de forma pacífica. Mas sentar durante anos no chão para ter aulas numa escola não prejudica a coluna em formação das crianças? Valha-nos Deus! Que santa ignorância e manipulação dos factos!

E onde é que andou a Senhora Ministra este tempo todo que não sabe que tem uma escola em Viana sem carteiras, nem sabe que há dezenas de "escolas" de chapas e sem carteiras pelo país fora? Então, agora, o professor Bernardo ´é que é o mau da fita? Se o professor Bernardo é o mau da fita, o bode expiatório dos erros de Vossa Excelência e foi suspenso do ensino, então eu sou a Rainha da Inglaterra, mesmo já falecida e, em Angola, não temos Ministro da Educação! 

Peça a sua demissão, Excelência!




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