Alguns anos atrás em Luanda, um amigo Americano que fala Português fluentemente, foi convidado para um almoço na casa de uma moça altamente fina que estava apaixonado com ele. Depois do almoço, o amigo notou um cheirinho a vir de fora e notou que havia alguém numa esquina que estava a fumar algo que inspirava o Bob Marley. O amigo pediu desculpas, saiu da grande casa, e foi para um cantinho onde vivia gente pobre onde alguém estava a fumar um charro. As conversas sobre a apreciação de ervas resultaram em muitas puxadas; o Americano antropólogo encontrou naquele canto de Luanda jovens pobres que se inspiravam na filosofia Rasta! Os seus anfitriões elegantes ficaram chateados; ele tinha sido convidado para apreciar os pratos le creuset e não fraternizar com os menos favorecidos que eles sempre ignoraram.
Fisioterapia ao domicílio com a doctora Odeth Muenho, liga agora e faça o seu agendamento, 923593879 ou 923328762
O artista de música Rapp Americano Rick Ross foi convidado para Luanda para fazer parte de um show para celebrar a paz e também emprestar um certo glamour à sociedade Angolana. Em 2015, a cantora Norte Americana, veio para Luanda e foi paga dois milhões de dólares Americanos por uma actuação de trinta minutos! No seu regresso aos Estados Unidos, a Nick Minaj, com os seus milhões na conta, não tinha nenhum louvores para as entidades que lhe tinham convidado. Houve um tempo na Nigéria em que a elite adorava as estrelas americanas em detrimento dos artistas locais. Depois houve um esforço sério na Nigéria de investir nos artistas locais; hoje eles enchem salões nos Estados Unidos e nas Caraíbas. O fenômeno Afro-pop não veio do nada; existe na Nigéria estúdios e produtores de alta qualidade. O tanto que é gasto em trazer músicos ocidentais para Angola, poderia ser dedicado à promoção de talento local.
O Rick Ross está a publicitar uma verdade que incomoda e aqueles que têm o poder em Angola não vão conseguir sair pela tangente, como sempre. Há gente que vive em Luanda em péssimas condições. Todos sabemos quais são as razões. A grande questão é como superar esta situação. Aqui na Zâmbia falasse muito de uma localidade chamada Kalumbila no noroeste do país. Esta localidade fica perto de Meheba, o campo de refugiados onde milhares e milhares de Angolanos viveram e vivem desde os anos 60. Cerca de sete anos atrás visitei o local desta mina que foi fundada em 2010; hoje é uma cidade com prédios, hospitais, escolas de alta qualidade; quando surge a oportunidade de ir trabalhar em Kalumbila são poucas pessoas a viver nos guetos de Lusaka consegue resistir. Quem é que quer viver numa casa de lata e com crianças a brincar ao lado de esgotos a céu aberto?
No clipe do Rick Ross no péssimo bairro de Luanda, vê-se gente que perdeu a sua dignidade; gente sem esperança; vê-se a profunda dor do Rick Ross ao ver tanta pobreza. Suspeito que o Rick Ross estava a chorar porque aquilo fez-lhe lembrar o seu passado. No seu lado materno, o Rick Ross é do estado de Mississippi, onde nasceu em 1976; o seu avô era um sharecropper, ou meeiro — um agricultor que trabalha no terreno de alguém e que no fim partilha a colheita com o dono. Na sua biografia intitulado “Hurricane” ou “Furacão” o Rick Ross fala da pobreza do seu avô materno com muita tristeza; mas eles também celebra os esforços dos seus avós e parentes de sair da pobreza. O Rick Ross, depois do que viu em Luanda, disse que viu algo que nunca terá visto na vida; quando ele foi crescendo em Miami a sua mãe já era enfermeira e o seu pai tinha estado no exército Americano e ter adquirido o seu mestre em gestão de empresas. Em todo caso, a pobreza não é algo que está muito longe da experiência de um dos mais ricos artistas de música rapo.
Nos os Angolanos vamos ter que começar a olhar ao nosso país com olhos secos e superar o medo que herdamos “dos massacres e mentiras” como dizia o Doutor Agostinho Neto. Existe, também, está tal cultura do chicoespertismo de pensar que ao visitar Luanda quem vê os arranha-céus volta com a ilusão que o país é rico e vai ignorar a imensa pobreza que está de lado.
A pobreza em Angola, como o presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior já afirmou por várias vezes, só será superada num esforço colectivo. Com um governo sério e respeitado pelo resto do mundo, Angola vai ver o tipo de investimento que poderá criar empregos que duram e rendem bem. O investimento e as indústrias que vão resultar vão ter que ser alinhadas à existência de uma estratégia que valorize os quadros nacionais. Não podemos deixar com que as futuras gerações vão ter um
país no mundo cuja fama principal vai ser um exemplo de quem tanto tem e tão pouco faz. Seria tão bom se no futuro um Rick Ross viesse Iara Angola e deitasse lágrimas de alegria por causa da beleza, justiça, e qualidade de vida do nosso país…
Lil Pasta News, nós não informamos, nós somos a informação
0 Comentários