A par do uso obrigatório do Cartão de Membro, os «homens novos que vieram da mata», ou seja, os "libertadores" impuseram-nos também a «Lei da Bandeira Partidária» que fazia com que os transeuntes ficassem em sentido, ou seja, rendidos à vontade dos militares quando esses símbolos políticos estivessem a ser manipulados.
À conta da Bandeira Partidária, cada «Movimento de Libertação Nacional» e o seu exército armado julgavam-se no direito de impor as suas leis, mesmo sem que tivesse sido legitimados nas urnas pelo povo. Assim, a FNLA, MPLA e UNITA demarcavam a sua área de jurisdição e lá exerciam a sua «soberania» da bandeira...
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A operação realizava-se todos os Dias, logo às primeiras horas com o içar da bandeira e o seu arrear ao cair da tarde, em distintos bairros e zonas onde estavam instaladas as representações de cada MLN. Em qualquer uma das operações, os peões e automobilistas, independentemente das suas filiações políticas, crenças religiosas ou filosóficas, eram obrigados a ficar em sentido, sob pena do não cumprimento da lei sofrerem duras «medidas revolucionárias» que, nos casos extremos, podiam ir até a morte.
Homens fardados espalhados num determinado raio de acção, de armas aperradas, controlavam rigorosamente o cumprimento da «Lei da Bandeira Partidária». A sanção agravava se o «infractor» tivesse o «azar» de ter a tez branca, pelo que era logo conectado aos «resquícios do colonialismo»... O cidadão era «obrigado» a estar vigilante a todos os sinais e movimentos da bandeira à sua volta. Em caso de distracção, podia perder a vida. Por vezes, os «libertadores» disparavam primeiro, faziam as perguntas depois, isso é se as fizessem...
Por dia, o cidadão podia cruzar com vários actos do género, já que devia respeito aos três MLN e igual número de bandeiras plantadas por um número indeterminado de delegações e comités partidários.
Os excessos cometidos à volta da bandeira só viriam a ser travados ou reduzidos pouco tempo depois da independência quando se deu à morte de um diplomata romeno por este não ter, inadvertidamente, imobilizado a sua viatura ao içar da bandeira da República nos quartéis do Grafanil. Foi a partir deste acto infeliz que o MPLA, já poder único instalado em Luanda, viu-se forçado a rever a «Lei da Bandeira». Uma «Lei» de triste memória que marcou mais um dos sinais da intolerância política dos novos «libertadores».
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