Relatos do "verdadeiro" CUITO CANAVAL

"A banalização do debate em torno do Kuito Kuanavale, tem sido um desastre. Temos de analisar o que correu bem e muito bem e, o que correu mal e muito mal, da preparação à ofensiva da Operação Militar: “ Saudemos Outubro “, cujo objetivo final era o assalto à Mavinga. Foi nessa operação com a introdução dos sistemas de defesa antiaérea; Osaka e PECHORRA que se retirou pela 1.ª vez a superioridade aérea dos sul-africanos ( foi um enorme feito)diminuindo a desproporção de forças a favor dos sul-africanos para 2/1 ( devido aos canhões de longo alcance G-5 e 6 ) ao invés de 5/1. Não tive praticamente baixas sanitárias no Hospital de Campanha devido à bombardeamentos sul-africanos.

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A introdução de meios blindados como os famosíssimos BMP-1 e 2, de velocidade inigualável com envolvimento pela retaguarda das Forças das FALA, ao nível dos grupos tácticos vieram tornar a desproporção de forças de 5/1 a favor das FAPLA do Tchambinga ao rio Cuzumbia e nascente do Rio Lomba, tem de haver honestidade intelectual para reconhecer, a ofensiva tornara-se avassaladora. Ter transposto o rio Lomba, sem que se tivesse tido em conta a intervenção massiva das Forças conjugadas das FALA e sul-africanas foi quase fatal. Ainda não vi ninguém a assumir esse erro estratégico. Do lado das FALA houve ( estou a falar da Operação Saudemos Outubro em que participei ) mérito militar no que concerne ao sistema de artilharia, o seu reconhecimento profundo e o seu inegável e eficaz sistema de comunicações. Entretanto tem de se reconhecer a desproporção de forças entre as forças governamentais e as FALA, sem a intervenção sul-africana na nascente do rio lomba ter-se-ia atingido sem sombra de dúvidas Mavinga, tem de haver honestidade intelectual para o reconhecimento do mérito e o demérito dos intervenientes nessa guerra. Depois do desastre da nascente do rio lomba, a defesa do Kuito Kuanavale tornou-se crucial e, o facto de aí se ter criado o equilíbrio estratégico, levaram as conversações. Há Mérito nisso? Claro que há e, é óbvio que celebremos a Batalha do Kuito Kuanavale, retirou-se o mito de invencibilidade do Exército Sul-africano. Somos um Exército Único e acima de tudo composto por angolanos. No dia em que discutir-mos sem paixões acirradas, ganhamos todos. Este é um respigo de um artigo de opinião que farei: “ Medicina de Catástrofe em Cenário de Guerra ; o Paralelismo entre Kuito Kuanavale (1988 ) & KIEV ( 2022 )”. Matadi Daniel, Coronel-Medico Reformado e Presidente da Sociedade Angolana de Nefrologia.