QUANDO ASSUSTAMOS, JÁ ESTAVA! - SALAS NETO


Em Fevereiro de 2010, andávamos todos bem distraídos com o CAN de futebol e, quando assustamos, já estava! José Eduardo dos Santos, presidente da república e do MPLA, explorando a maioria abusiva que o seu partido desfrutava no parlamento, fez passar para depois promulgar uma nova constituição feita à medida dos seus interesses particulares. As grandes novidades eram no domínio político, a ver nomeadamente com um sistema eleitoral sui generis e com um modelo de governação também especial: as candidaturas à chefia do estado passaram a ser exclusivamente sustentadas por partidos políticos, sendo que o presidente da república passava a ser o próprio governo, sob a pomposa denominação de «titular do poder executivo», desobrigado de prestar contas a quem quer que seja, no quadro dum super-presidencialismo se calhar único no mundo inteiro. 



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O cidadão angolano mais prejudicado no imediato pelos efeitos negativos da nova constituição foi o malanjino João Kambowela, que havia regressado da diáspora em finais dos anos 90, com o sonho de querer ser presidente da república. Ele era formado em ciências políticas no Canadá, onde se fixara desde finais dos anos 70, depois de passar pelo Zimbabué. Em qualquer destes países, ele safou-se como jogador profissional de futebol.

No dia em que José Eduardo dos Santos promulgou a «sua» constituição, «cozida» à medida por Carlos Feijó e presumivelmente uns quantos constitucionalistas tugas, João Kambowela era o único candidato independente às presidenciais que já tinha reunido as cinco mil assinaturas exigidas, ao cabo duma odisseia que fez pelas 18 províncias. Impedido de participar na corrida pelas novas regras impostas pelo «driblador natural» a dois anos do pleito, ele acabou na diimbinza, já que havia aplicado tudo que tinha e até o que não tinha na empreitada presidencialista, tendo andado a vegetar até que lhe deram um emprego mais ou menos razoável, mas apenas depois de uma «exposiçãozita» com as cores do Glorioso. 

Ele é meu tio-sogro (irmão mais novo da minha saudosa sogra), mas nunca mais nos demos encontro. Por isso desconheço como andará, ainda que nos últimos tempos ele tenha passado a surgir a comentar as minhas publicações, se calhar no âmbito dum qualquer projecto político que pode ter a ver com o seu velho sonho. E isto implica que a constituição deva vir a restituir o direito que foi retirado a todos nós de poder participar como concorrente nas eleições presidenciais sem ter que se atrelar em listas partidárias.



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