Há um acto, uma manifestação ou distúrbio. Chama-se àquilo "acção terrorista", uma "insurreição", uma acção para inviabilizar ou tornar o país "ingovernável." Não lembra a ideia de "golpe de estado"?
Depois entra a comunicação social que exagera, deturpa, vai buscar imagens antigas e mistura com recentes, cria uma narrativa e diaboliza quem pensa o contrário. Sentem-se profissionais, inocentes e pacíficos. Estão ao serviço da causa e do país. Voltam para suas casas tranquilos e abraçam os seus filhos...
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Depois entram os serviços de segurança, descendentes da DISA. Com outros nomes ou várias "instâncias", mas com mesmas técnicas e sob o mesmo slogan: cumprir ordens. Não interessa de quem vem nem sob que princípio! Localizar os "insurrectos", persegui-los, apanhá-los, "caça-los", melhor de madrugada enquanto dormem, para causar pânico; ou são descobertos nos esconderijos e são levados para lugares desconhecidos.
São torturados para denunciar os outros; "estiveste na reunião x com o fulano e sicrano?", "Estiveste na reunião com a oposição? És da associação dos taxistas? Qual é a tua função? " Receberam quanto?" Alguns miúdos negam, dizem que não sabem de nada. Chamam pelas mães, sempre as mães!
Depois entram os familiares, as mães, sempre as mães, que procuram pelos filhos, às vezes é filho único ou o mais velho.
Outras vezes, raras vezes, é o pai que procura, pai que já foi antigo soldado, já defendeu a pátria, ou é militante do partido, tem o cartão em dia e as quotas. Procura pelo filho, na polícia, nas cadeias, nas morgues...
Depois entram os "negociadores do sofrimento" que conhece quem conhece onde está preso o fulano, basta pagar X....se for a mãe que ainda é jovem ou a irmã, não interessa a idade, o pagamento é outra coisa...já sabemos o que é. Mesmo assim o fulano não aparece, apesar do pagamento adiantado.
Depois entram os do partido. Indiferentes. Cínicos e frios. Justificam a acção das forças de segurança que já dizem os que serão condenados. Alguns do partido estudaram Direito. Na universidade Agostinho Neto. Na Católica em Angola ou em Portugal. Outros no Brasil. Fizeram o mestrado com nota 13 ou mais e " frequentam" o doutoramento. Dão o suporte teórico e ideológico para a tortura. O que aprenderam nos livros? E as teorias? Nada. Nem é medo, é só cobardia...
E a sociedade? Indiferente. Medrosa.
E as antigas vítimas do 27 de Maio que, no partido, suportam e alguns, indirectamente, dão o aval a esta avalanche de violência? Silencio! De medo? De cumplicidade?
Talvez daqui a 40 anos, ou mais, haverá novo pedido de desculpas às vítimas dos conflitos políticos...
Vem-me à memória a frase de um poeta grego dos anos 60 mas que foi reformulada num outro poema mexicano algo assim como "me enterraran lo que no sabian es que yo era una semilla"... "enterraram-me mas não sabiam que eu era uma semente"....
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