OS DISCURSOS DE “INGOVERNABILIDADE” E DE “CULPADOS” -José Gama



Em Dezembro de 2007, o ANC realizou  um congresso  que afastou o  Presidente Thabo Mbeki, na liderança do partido, devido ao desgaste de imagem e contestação que enfrentava, por incumprimentos de realizações e incompatibilidades com uma ala partidária.  No congresso,  os delegados  sabotavam as intervenções dos  apoiantes  de Mbeki. Não os deixavam falar.  Punham -se aos gritos como se desejassem dizer “vão  se embora, queremos mudança”. 

Depois de  uns anos, o antigo ministro  da Inteligência, Ronnie Kasrils revelou  num  documentário televisivo  como  salvou  Mbeki impedindo que a sua imagem fosse desgastada naquele conclave, realizando em trabalho de indução psicológica. 




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Ronnie Kasrils  revelou  que  naquela sala, saiu do lugar onde estava sentado, para ir ter com o Presidente Mbeki,  instruindo-o  que  mencionasse  no seu  discurso os sacrifícios de luta  desencadeada  pelo ANC, contra o regime do apartheid.  Quando Mbeki discursou, tocando os “sacrifícios de luta”, já  não se  ouviam as tentativas de  vaias   indesejadas   contra Mkeki. Os delegados  estavam mais mansos. 


Kasrils – que ao tempo do exílio andou  em Angola -  transmitiu que sempre que um líder esta numa situação de desconforto e contestação, a forma de acalmar é lembrar ao povo os  sacrifícios do passado, feitos em seu nome.


Viajando para Angola, nos  últimos dois anos tem se identificado  esta técnica nos discursos dos  Presidente João Lourenço. Quando vai  a público para reagir a um evento ou movimentação de contestação a sua governação, o Presidente inclui nos seus discursos três pontos chaves.    


1.  Refrescamento  sobre  conquistas nacionais  (Independência, da Paz e Reconciliação) 

2.  Elogios à Polícia Nacional (mesmo que esta tenha cometido excessos)

3. Invocação de agendas  opositoras para levar o país para um quadro de ingovernabilidade 


Em outras palavras, sempre que o PR, discursa  recorrendo a estes   “três pontos chaves”, é sinal que esta numa situação  de impopularidade, ou de contestação.  Tem os problemas, e transfere as “culpas” para o seu principal adversário político. 


ANALISE AOS “TRÊS PONTOS CHAVES” DOS ÚLTIMOS DISCURSOS DE JL


1.O primeiro “item” serve para transmitir a população que não pode  protestar por  direitos, porque ao faze-lo,  significa “rebelar-se” contra o MPLA, que é o partido que  promoveu  todas as realizações nacionais. O povo deve gratidão ao MPLA, e não “revoltas”. 


2.No segundo “item” o PR revela que tem a Polícia como um parceiro importante  na contenção dos descontentamentos. Quando em Janeiro de 2021, a PN assassinou manifestantes em Cafunfo, o PR não promoveu justiça. Os polícias ficaram impunes.  No passado dia 10 de Janeiro, a Policia “permitiu” que o Comité do MPLA na Samba e algumas  viaturas  fossem vandalizadas e queimadas. O  PR “elogiou” a polícia por razoes imprecisas. A PN, é elogiada  por “fazer” e  por  “nada fazer”. Isto cultiva na PN, um espirito  de lealdade excessiva  ao PR. 


2. No terceiro “item”. O PR não aceita contestação. Interpreta-os como atentado ao poder.  Transfere  a autoria da contestação para a UNITA. Os dados do Instituto Nacional de Estatísticas (INE) de finais de 2021, indicam que 59,2% da juventude angolana  (dos 15 aos 24 anos) está no desemprego.  Estando no desemprego, estão sem ocupação. Estando sem ocupação tornam-se  em   potenciais  movimentos  espontâneos  de contestações. Ao invés de estudarmos o fenómeno, ou  arranjarmos soluções. Declaramos que “a culpa é da UNITA”. Fica-se nas “culpas”. Prendem-se os jovens, dia seguinte são soltos e sem emprego voltam a revoltar-se novamente, porque o desemprego não se combate  com repressão policial, nem  com detenções.   



CONCLUSÃO 


Sempre que o PR discursa  usando os três “items” citados  é porque esta com problemas de popularidade.  A forma como que o PR lida com o fenómeno, passa  ao mundo, a mensagem de  que ninguém em África vai para  às eleições  para um jogo transparente e   de equilíbrio  quando está com  problemas de imagens. 


Ao invés de combater o desemprego – que de 2000 a 2001 aumentou  2,8 pontos percentuais - o  PR está a combater uma parte dos  59,2% da juventude que esta desempregada. Os jovens devem ver  no PR, a sua  fonte de inspiração e consenso. 


O PR tem vontade de mudar o país mas não sabe como mudar. De 2017 até o presente ano eleitoral  escasseou cincos pontos chaves que prometeu no seu discurso de tomada  de posse: (1) combate às assimetrias regionais, (2) combate a corrupção, (3) Instauração efetiva de um estado democrático e de direito com uma acção mais incisiva da sociedade  (4), Abertura da comunicação social,  (5) reformas económicas;  (6) implementação gradual das autarquia, (7) emprego estável e protecção dos trabalhadores


SUGESTÕES 


-  O PR deve desempenhar um  papel  congregador  e ter o discurso de tomada de posse como bússola. Os discursos de “elogios a policia”,  de “culpas ao adversário”, e de “ingovernabilidade” devem ser enterrados, porque contrariam com o conteúdo  de tomada  de posse de 2017.



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